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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Educar sem bater.


Educação sem agressão


O grande dilema dos pais é descobrir como substituir a palmada que costumavam levar quando crianças por métodos educacionais que sejam efetivos, mas que não usem a agressão física como forma de coibir comportamentos indesejados. Psicólogos e psicopedagogos têm a receita para solucionar essa dúvida. Cabe aos pais ter a paciência e a disposição necessária para aplicá-la.
A primeira regra recomendada é o diálogo. E nesse quesito é importante alertar a criança tanto sobre o que está errado e não deve ser repetido quanto sobre o que é esperado dele, de acordo com a psicopedagoga e conselheira vitalícia da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), Maria Irene Maluf. “Conversar com a criança é fundamental em qualquer situação. Uma boa conversa funciona bem principalmente quando o comportamento indesejado não existe em casa. Ela fica envergonhada por perceber que os pais e os irmãos não têm essa atitude.”
Daí nasce a segunda regra. Dar sempre o exemplo. “A postura dos educadores é muito importante. O problema é quando as pessoas resolvem fazer normas tiradas do nada, sem que os próprios pais a respeitem”, diz Maria Irene. “Para aprender, é preciso vivenciar um ambiente que seja modelo.”
Também é importante explicar para a criança as razões das cobranças e mostrar a ela que cada ato no dia a dia tem importância e conseqüências. Vale ressaltar que não se deve jamais criticá-la, mas sim seu comportamento. “Os filhos precisam saber a razão por que o adulto está aborrecido com determinadas atitudes. Portanto, deve-se dizer que está chateado com o que foi feito e não com ele”, destaca a psicopedagoga.
Outro fator muito importante é saber negociar com a criança e manter a palavra sempre, caso contrário, o pai entrará em descrédito com o filho, pois achará que nunca será castigado. “Há uma postura permissiva por parte dos pais hoje em dia, que não cobram, e a criança percebe que aquilo não tem muito valor. Para resolver o problema, basta sustentar a palavra naquilo que foi combinado”, explica a professora de psicopatologia da infância da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Leda Mariza Fischer Bernardino, pós-doutora em tratamento e prevenção psicológica pela Universidade de Paris Sete. “Após a negociação, a criança sabe que, se agir em desacordo com o que combinou, vai ter uma conseqüência: o castigo. Ela até espera por aquilo. Mas, se o esperado não acontece, vai entender que aquela obrigação não tinha coerência”, afirma Leda.
Tensão
Quanto ao tapinha, é necessário haver uma reflexão por parte dos pais. “Muitas vezes, em uma situação rápida de tensão, o pai acaba agindo sem pensar. E assim repete o método de educação que recebeu”, diz Leda. Segundo ela, nesse caso é necessário pensar para ver se a palmada não foi apenas uma expressão de raiva porque a criança o tirou do sério. Se esse for o caso, o pai ou a mãe precisa conversar com a criança e até pedir desculpas.
Mas um tapinha nem sempre significa agressão. “Uma coisa é dar um tapinha para reforçar algo que está dizendo à criança. Esse é um método educativo, que não envolve emoção. Outra é descontar o estresse da situação na criança”, explica a professora.
Já Maria Irene não aprova nenhum nível de repressão física. “O problema é que, na vida, quando há uma exceção, ela acaba se tornando um pouquinho maior. O tapa não ensina, apavora, magoa. É desrespeitoso. A criança vai voltar a fazer a mesma coisa quando ela achar que a mãe não vai ter chance de bater nela, por exemplo”, ressalta.

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